segunda-feira, 30 de abril de 2012

O que vi

Foto: (c) 2012 HFrenzel


Não de uma estrada
Nem de um rio 

Não de um arco
Nem de um sino

Não as de um corpo
Nem de um caminho

Não gráficos ou desvios
Nem trajetórias ou funções

Numa árvore 
Num delírio 

O que vi num belo padrão:
Curvas.




sexta-feira, 27 de abril de 2012

Julie e Julia


Foto: HFrenzel

Para quem gosta de culinária, boas histórias, e blogar, Julie & Julia, com Amy Adams e Meryl Streep, é um bom filme para se indicar. Trata de histórias cheias de paralelos -- e assim contadas --, de duas mulheres da vida real: Julie Powell e Julia Child. Meio que buscando um sentido para a vida, Powell se autodesafia a provar todas as receitas de um livro de Child e reportar em um blog. Segundo o filme, este livro de Child foi o primeiro (do seu tipo) a ser lançado nos Estados Unidos: um livro de culinária ‘francesa’ para americanas que não tivessem cozinheira nem soubessem cozinhar. Minha atenção foi chamada pelas reações de Powell diante da ‘arte’ de blogar, retratada neste filme. De repente, nada era mais importante que seus posts, leitores e comentários, vivia sempre cansada por blogar até tarde e passou a negligenciar o marido, a si mesma e ao trabalho. Mas ela volta a si, antes até de ver sua aventura reportada no The New York Times e transformada em livro. Me pergunto o que teria acontecido se o deslumbramento com a blogesfera tivesse continuado. Bom, ela queria ser autora, e este filme foi baseado em seu primeiro livro. Não sei se continua escrevendo, mas que aprendeu a cozinhar, isso ela aprendeu. Para quem tiver vontade de degustar: Bon Appetit!


Ficha Técnica

Título Original: Julie & Julia.
Origem: Estados Unidos, 2009.
Direção: Nora Ephron.
Roteiro: Nora Ephron, baseado em livro de Julie Powell, Julia Child e Alex Prud'homme.
Produção: Nora Ephron, Laurence Mark, Amy Robinson e Eric Steel.
Fotografia: Stephen Goldblatt.
Edição: Richard Marks.
Música: Alexandre Desplat.

Informações da ficha técnica obtidas aqui.



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Não sigo o novo acordo ortográfico em Língua Portuguesa. Se deseja reproduzir este texto, no todo ou em parte, favor respeitar a licença de uso e os direitos autorais. Muito obrigada.
Helena Frenzel
Também publicado no Recanto das Letras por Helena Frenzel em 27/04/2012
Código do texto: T3635904

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domingo, 22 de abril de 2012

Escrever: o que tenho aprendido até aqui - II


    Foto: (c) 2012 HFrenzel

Há escritores que dizem: não releio meus escritos, e o fazem por várias razões. Seja para não se confrontarem com a qualidade de seus textos antigos e pensarem: escrevo agora pior ou melhor; seja para não perderem tempo com o passado, ou não caírem em tentação de alterar os escritos, pecado mortal para alguns. Vez ou outra, releio o que escrevi pois tento, humildemente, aprender de mim. Antes, não hesitava em melhorar os textos; agora, tento não alterá-los mais; são uma foto do momento em que os escrevi. Pode ser que no futuro eu deixe de relê-los, repetir-me e comparar quem estive com quem estou ou quero estar. Uma coisa porém me incentiva a seguir relendo: quando eu nada mais tiver dito, aí sim, terei chegado lá. Como bem já disseram outros grandes autores: quem bem faz literatura nada tem a dizer, só a mostrar.




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Helena Frenzel
Publicado também no Recanto das Letras por Helena Frenzel em 22/04/2012
Código do texto: T3626443


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quinta-feira, 12 de abril de 2012

A lesma e o momento


Foto: (c) 2012 HFrenzel


Atravessou meu caminho
Ou 
Quem sabe 
Cruzei o seu
Trocamos olhares
Seguimos
A parada do tempo
E a dela 
Parada
Fotografei.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A palavra da vez é...



CALADO!

Calado, particípio do verbo calar, se eu me calo e tu te calas, um terceiro vai falar. E se nos calamos todos, concordamos com a mudez, quem se cala ou fala pouco, perde a voz ou perde a vez. Emudecendo entendidos, brilharão os fanfarrões, calar-se-ão os verbos, silenciará a razão. Mas, tendo-se nada a dizer, prudente é guardar a voz, silenciar a agonia impressiona o algoz. Faz mais barulho, quem sabe, o calar de vez a voz, mais forte é o julgado fraco, mais forte, quem está só. E o calado, substantivo, também sabe silenciar, cala por conselho ou juízo, por ordem ou medo de errar, pois o calar-se está na base, a que não pode faltar. Estar em silêncio profundo por vezes nos faz flutuar; manter a boca fechada: melhor dieta não há! Calado também se encontra falando-se de embarcações, como pouco manejo disto, calar-me é imposição. E ao terem-me calado, passiva é a minha voz; para voltar à ativa, solto a língua, elevo a voz - GRITO!




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Helena Frenzel
Também publicado no Recanto das Letras por Helena Frenzel em 09/04/2012
Código do texto: T3602581


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domingo, 8 de abril de 2012

Matemática do Espírito

(c) 2011 HFrenzel

A vida ensinou-me a dividir; então me vi multiplicar; resultado ímpar, elevado: felicidade sem par!


Para Isolda Herculano. Saúde! Sucesso! Parabéns!

Um simples ninho



Um Coelhinho passou por aqui hoje cedo, deixou este ninho para nossa bebê, lembrou-nos da vitória do Cordeiro e pediu-me: "partilhe".

Isto estou a fazer.

Feliz Páscoa!!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

domingo, 1 de abril de 2012

Sísifo Grego, Sísifo Meu


Num tempo em que na Grécia não havia crises, só mitos  - e guerras, talvez – contam que viveu um Sísifo tal. Ele, tendo feito algo desagradável aos olhos dos deuses do Olimpo, foi condenado a passar a vida numa montanha levando uma pedra do pé ao topo sem jamais atingir o objetivo, pois a pedra, uma vez no cimo, rolava de cima abaixo e lá ia Sísifo fazer tudo outra vez. Já eu penso que nos primeiros anos da pena os deuses até se divertiam, pois viam-no jogar-se ao chão e bater pernas de tanta ira, até que um dia ele resolveu pensar: já que a pedra ia rolar de qualquer jeito, melhor era encontrar formas de se distrair durante o caminho. E foi assim que na segunda, enquanto rolava a pedra grande, ia catando as pequeninas que lhe chamavam a atenção. Encontrou ametista, ágata, rubi e até diamante, vez ou outra achava até metal, um pouquinho de ouro aqui, outro acolá. Foi colecionando. Na terça, rolava a pedra em espiral, na quarta, em linha reta, na quinta, em zigue-zague, na sexta, ao invés de empurrar ia puxando, no sábado, usava variações e no domingo, ao final de cada turno, fazia longas pausas pra ficar olhando a paisagem e se inspirar. Na próxima semana, tudo invertido ou intercalado. E ele foi ficando tão criativo que chegou a um ponto em que os deuses começaram a fazer apostas do que ele ainda poderia inventar. Com o tempo, porém, notando que ao final do trabalho Sísifo divertia-se muito vendo a pedra cair, os deuses foram perdendo o interesse em observá-lo e decidiram que já era tempo de romper aquele ciclo infernal. E ele, embora felicíssimo com a libertação, não deixou a montanha. Tendo-se tornado especialista na região, resolveu ganhar a vida como guia de turistas que pagavam muito bem pra fazer montanhismo, trilha ou outro (dito) esporte radical. E vinha gente de todo o mundo só pra fazer isso. Acho que esse Sísifo (o meu, não o grego) morreu velhinho, saudável, feliz e rico, ainda por cima fazendo o que gostava, sem sentir o tempo passar. Críticos ou céticos de seus métodos pouco lhe importavam, mais valeu o aprendido nos caminhos do que a pedra em seu lugar. Aliás, ao final de todo o ciclo ficou a pedra no meio do caminho, servindo de inspiração a poetas e outros meros mortais.


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Helena Frenzel
Também publicado no Recanto das Letras por Helena Frenzel em 01/04/2012
Código do texto: T3588713

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