CALADO!
Calado,
particípio do verbo calar, se eu me calo e tu te calas, um terceiro vai falar.
E se nos calamos todos, concordamos com a mudez, quem se cala ou fala pouco,
perde a voz ou perde a vez. Emudecendo entendidos, brilharão os fanfarrões,
calar-se-ão os verbos, silenciará a razão. Mas, tendo-se nada a dizer, prudente
é guardar a voz, silenciar a agonia impressiona o algoz. Faz mais barulho, quem
sabe, o calar de vez a voz, mais forte é o julgado fraco, mais forte, quem está
só. E o calado, substantivo, também sabe silenciar, cala por conselho ou juízo,
por ordem ou medo de errar, pois o calar-se está na base, a que não pode
faltar. Estar em silêncio profundo por vezes nos faz flutuar; manter a boca
fechada: melhor dieta não há! Calado também se encontra falando-se de
embarcações, como pouco manejo disto, calar-me é imposição. E ao terem-me
calado, passiva é a minha voz; para voltar à ativa, solto a língua, elevo a voz
- GRITO!
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Não
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Helena Frenzel
Também publicado no Recanto das Letras por Helena Frenzel em 09/04/2012
Código do texto: T3602581
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