Recebi este email de uma amiga. Achei a mensagem tão linda e necessária que pedi a ela gentil permissão para publicar.
Por Márcia Montenegro
“Amiga, dia desses meu filho presenteou-me com uma
grande lição de vida. Foi mais ou menos assim: ele teve um ótimo dia! Brincou,
foi alimentado, cuidado, protegido, afagado, cercado de mimos, carinho e
orientação. Ao final do dia fomos ao shopping e compramos roupas novas, sapatos
e jogos de x-box, depois lanchamos no lugar escolhido por ele e quando já
estava farto de todas as coisas, ele desejou um sorvete de casquinha. Pense, um
mero sorvete de casquinha. Ocorre que quando meu marido foi comprar o tal, as lanchonetes
já estavam fechando e a compra não foi possível. Meu filho então iniciou um
choro lamentoso que se prolongou até o estacionamento. Ao chegarmos em casa,
achei por bem perguntar a ele, esperando uma resposta entusiasmada face a todas
as coisas bacanas que ele havia vivido e ganho naquele dia:
- Filho, você gostou do seu dia? Ele, de pronto,
respondeu: - Foi o pior dia de todos! Perplexa voltei a indagar: - Mas por quê,
filho? Ele saiu com essa: - Porque eu não ganhei sorvete de casquinha!
Meu marido e eu nos entreolhamos e, depois de
corrigi-lo (o que o fez sair ainda mais chateado do quarto), comentamos que a
pouca maturidade do nosso menino o fez dizer tamanha bobagem. Voltei-me para o
meu marido e disse:
- É assim mesmo que nos portamos diante de Deus e do
Nosso Senhor Jesus, meu querido, Dele tudo recebemos,
a começar por este planeta lindo que insistimos em vilipendiar, até a nossa
família, marido, filhos, pai, mãe, irmãos, amigos, trabalho, sustento,
inteligência, saúde, habilidades, oportunidades. Recebemos tudo isso com ares
de que assim o é por nosso próprio merecimento, e, se merecemos, tanto faz
conservarmos tais coisas ou não, cuidarmos ou não, valorizarmos ou não, porque,
segundo esse raciocínio, no final das contas novas e novas oportunidades nos
serão dadas. Portanto, se lançamos fora a rica experiência do viver em família,
basta arranjamos outra para substituir a anterior, se não estamos lá muito
satisfeitos com o trabalho, rapidamente arranjamos um culpado para nossas
agruras, vestimos a capa de vítimas e, certos de que mereceremos algo melhor
(afinal a culpa é sempre dos outros), perdemos mais uma oportunidade de
refletir, aprender e servir.
A pedra de tropeço desse modo de pensar e viver é que
não somos credores da graça divina, antes, meros despenseiros da sua
misericórdia. É por amor incondicional que tudo isto nos chega às mãos, não por
justiça.
Enfim, Ele satisfaz até os nossos pequenos e mais
pueris desejos (quem pode negar isto?), e, como não bastasse, arremata esta
extensa lista de benesses concedendo-nos a esperança e a oportunidade de
salvação, mediante a graça que há em Cristo Jesus.
Assim o faz, e, ao final de cada dia, de Sua boca
misericordiosa e amável ouvimos em algum lugar de nossas almas esta simples
pergunta: “Então, meu (minha) filho(a), como foi o seu dia?” No que, não raro,
nos apressamos em responder: “Não foi tão bom assim não, o Senhor não me deu o
sorvete de casquinha que eu tanto queria...”
Somos ou não somos crianças em espírito?”
* * *
Tanto acho que somos crianças em espírito, em nossa grande maioria, que
resolvi publicar esta bela reflexão na esperança de que possa servir a outros,
dado que a mim já serviu: me fez recordar que tudo é questão de perspectiva e que o mundo não gira em torno de nós.
Obrigada, Márcia, pela partilha. Muito mais Luz para você!
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