sexta-feira, 26 de setembro de 2014

POR QUE PASSEI A EDITAR MEUS PRÓPRIOS LIVROS



Sempre fui uma pessoa prática, característica que só aumentou desde que vivo na Alemanha. Ainda hoje me encanta o jeito das pessoas fazerem certas coisas por aqui: quando têm um projeto, elas planejam e logo partem para a busca do que precisam para realizá-lo e, zack-zack, realizam-no! Ninguém costuma ficar esperando que o tempo mude para começar a semear.

Até 2007 eu nunca havia pensado em publicar livros ou artigos fora do universo acadêmico, de modo que quando cogitei publicar escritos de outra natureza, que eu mantinha há muito tempo na gaveta, nunca jamais passou por minha cabeça submetê-los a qualquer concurso ou editora e seguir o processo de publicação tradicional. Segui o caminho mais à mão: criei um blog, o Bluemaedel, e comecei a publicar, oras! Mais tarde encontrei o site brasileiro Recanto das Letras, onde se pode publicar gratuitamente, além de poder interagir com outros escritores, isto é, pessoas que se dispõem basicamente a escrever. 

Com o passar do tempo fui refinando meu conceito de escrita e também de interação, de modo que deixei de gastar tempo com ‘escritores’ que pareciam não esperar outra coisa de seus 'leitores' que não elogios ou comentários vazios ou de teor pessoal. Sempre achei que quem escreve (não só para si) deve ter alguém com quem possa falar sincera e criticamente sobre o que publica ou lê, e foi exatamente esse tipo de interação que passei um bom tempo procurando nos vários sites literários por onde andei. Conheci muita gente, verdade, porém pouquíssimas pessoas com objetivos semelhantes aos meus. E como sempre fui dada a conversar com livros, voltei-me a eles muito mais e abandonei praticamente os ‘literários’ sites. 

Em pouco tempo percebi que minha escrita não poderia jamais depender de qualquer recepção, caso contrário estaria fadada a parar de escrever muito em breve por não ter leitores ou qualquer motivação externa e, cedo, creio, consegui me livrar do peso da expectativa e da aceitação alheia. Uma vontade encontra uma maneira: como eu já tinha os blogs e não tinha qualquer dificuldade para operar os softwares necessários, recorrer aos ebooks foi um caminho muito natural, pois vi neste formato eletrônico um mundo de possibilidades.

Outra coisa: eu nunca pensei em vender meus escritos ‘literários’ e quem quer publicar gratuitamente seus ebooks na rede dificilmente encontra espaço nos grandes portais, como a Amazon por exemplo, ou outros grupos fechados, sem falar nos contratos que os autores ou as editoras têm de aceitar para publicar aqui ou acolá. Detalhe: muito pouca gente (quer dizer: quase ninguém) está de fato interessada em cooperação genuína no meio literário, a falta de generosidade nesse meio é algo assustador e isso me revolta bastante.

Por isso criei o Quintextos, por crer no poder transformador da cooperação e pela liberdade de poder publicar o que eu quiser, desde que dentro da política de conteúdo da plataforma que hospeda o meu site, o blogger, o que até agora plenamente me satisfez.

Há pessoas que não abrem mão da publicação em papel e, portanto, desprezam as publicações em ebook. Já me perguntaram quando eu publicaria meu primeiro livro, como se nenhum dentre os nove ebooks de minha autoria pudesse entrar nessa conta tão especial. Ou seja: para algumas pessoas o ebook não é um tipo válido de publicação, e eu apenas lamento que assim pensem, mas também é só, sigo publicando da forma que não gera gastos além de tempo e dedicação necessários para se fazer qualquer trabalho que seja bom. E eu gosto do que faço, gosto mesmo!

Resumindo: publico de forma independente em formato ebook não por qualquer editora ter-se recusado a publicar qualquer texto meu, mas simplesmente porque eu nunca me interessei em consultar ninguém a respeito, eu tinha a faca, o tempo e o queijo, então cortei-o, e foi só!

O tempo passou e hoje até divido o bolo, disponibilizando-me a editar gratuitamente textos de outros autores, textos que desejo ter na minha biblioteca virtual no prático formato ebook para quem desejar lê-los, baixá-los, indicá-los, imprimí-los, enfim: compartilhá-los. Tivesse eu mais tempo, editaria muito mais!

Seria maravilhoso, claro, se eu recebesse mais feedbacks espontâneos sobre minhas publicações, pois me proporcionaria mais crescimento, mas a vida segue também sem eles, e muito bem aliás, e assim vamos, não?


Nota: este texto foi publicado primeiramente no meu face, mas como muita gente opta por não estar nesta plataforma (atitude que eu acho muito boa e incentivo aliás), reproduzo-o aqui no Blog. Ainda que não seja inverno, passarei hibernando os próximos meses, de modo que não penso em postagens novas para a ocasião. Deixo a todos que por aqui passarem (com boas intenções) um sincero agradecimento e um abraço. 

Cordialmente, 
Helena Frenzel.




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